Vivemos um momento histórico tempestuoso, perturbado por uma crise global do capitalismo no curso de uma transição para uma nova ordem mundial em um caminho prenhe de conflitos, riscos e desafios inéditos para a humanidade e o planeta que habitamos.
Ao lado do avanço do neofascismo, expressão da tendência do capitalismo em crise para a barbárie como nos sombrios anos 30 do século passado, presenciamos uma alarmante corrida armamentista pelo mundo.
Os gastos militares globais cresceram 7% em 2023, o maior aumento anual desde 2009. Totalizaram US$ 2,43 trilhões, superando o valor do PIB brasileiro no mesmo ano (US$ 2,11 trilhões), segundo informações do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri).
A próspera indústria que se alimenta da morte
Com isto, a indústria militar, que se alimenta e se reproduz de forma ampliada na guerra e na morte, prospera subtraindo recursos dos orçamentos públicos, em detrimento de investimentos fundamentais no combate à fome mundial, bem como em saúde, educação, habitação e bem estar social.
Os conflitos fomentados pelo imperialismo em várias regiões do globo constituem parte relevante da explicação para essas preocupantes estatísticas.
Onipresentes nos diferentes confrontos e fontes de tensão, os EUA, uma superpotência em franca decadência, lideram a corrida insana. Em 2023, aumentaram os gastos bélicos em 2%, para US$ 916 bilhões, o que significa cerca de dois terços do total de gastos militares da Otan, cujos países membros também elevaram suas despesas com armas.
O Sipri já havia divulgado a estimativa de que uma redução de apenas 10% nas verbas destinadas à máquina da morte seria suficiente para acabar com a fome no mundo, objetivo que o presidente Lula quer transformar em meta do G20.
Inversão de valores
A trajetória ascendente dessas despesas irracionais para a convivência humana eleva os riscos de um conflito nuclear devastador ao mesmo tempo em que põe em evidência a perniciosa inversão de valores ditada pela ordem imperialista internacional que surgiu nos destroços da Segunda Guerra Mundial tendo por base a hegemonia industrial dos EUA, que já era.
Em vez de combate à fome a ordem caduca impõe o estímulo à guerra e ao genocídio, em vez da celebração da vida o financiamento da morte, ao invés de paz barbárie e desespero.
A marcha insensata em direção ao abismo pode ser detida pela força dos povos unidos e orientados pela consciência dos perigos imanentes da (des)ordem capitalista mundial liderada pelos EUA.
A bandeira da paz na ordem do dia
Conforme assinala a resolução política aprovada durante a última reunião da Direção Nacional da CTB, realizada em Salvador:
“Precisamos energicamente denunciar e condenar o genocídio sionista na Faixa de Gaza, urge um cessar fogo; defender o fim do conflito entre Rússia e Ucrânia, por trás do qual encontram-se os EUA e a OTAN; exigir o fim do criminoso bloqueio conta Cuba; lutar por uma nova ordem mundial fundada no efetivo multilateralismo, respeito do direito à autodeterminação das nações, solução pacífica dos conflitos internacionais, desenvolvimento soberano e sustentável das nações e combate à fome e miséria no mundo”.
Por Adilson Araújo
Presidente da CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil