O rendimento médio real mensal da população brasileira ocupada no trabalho principal chegou a R$ 2.890 em 2023, um aumento de 7,1% em comparação com o ano anterior. O resultado é o maior desde 2020, quando ficou em R$ 2.935.
Os dados são da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (4).
O levantamento mostra que a recuperação do mercado de trabalho ocorreu em todas as atividades. O setor de informação, financeiro e outras atividades profissionais é o que registrou maior salário médio (R$ 4.227). Já a menor remuneração média ficou com serviços domésticos (R$ 1.143).
Em 2023, 57,6% da população brasileira estava empregada, superando o patamar de 2019. No recorte por sexo, os homens alcançaram 67,9% de taxa de ocupação contra 47,9% para as mulheres.
Segundo o IBGE, embora a maior escolaridade das mulheres não seja suficiente para equilibrar a situação em relação aos homens, é uma característica “muito relevante” para assegurar a inserção feminina no mercado de trabalho.
No ano passado, o nível de ocupação das mulheres com ensino superior completo foi três vezes maior que o daquelas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto.
As pessoas idosas (com 60 anos ou mais) e os jovens (de 14 a 29 anos) seguiram apresentando níveis de ocupação mais baixos comparativamente aos demais grupos: 22,8% e 52,9%, respectivamente.
Brancos ganham 70% a mais do que pretos e pardos
A pesquisa mostra que a população ocupada de cor ou raça branca ganhava, em média, 69,9% mais do que a de cor ou raça preta ou parda e os homens, 26,4% mais que as mulheres. O IBGE destaca que os resultados indicam a existência de desigualdade estrutural, já que, salvo pequenas oscilações, essas diferenças foram encontradas em todos os anos de 2012 a 2023.
Atividades econômicas que, historicamente, apresentam os menores rendimentos médios (serviços domésticos, agropecuária e construção) são as que possuem, proporcionalmente, mais pessoas pretas ou pardas empregadas.
Desigualdade de rendimento
Em 2023, a população branca ocupada recebia rendimento-hora superior à população de preta ou parda em todos os níveis de instrução. A maior diferença ocorreu na categoria superior completo, em que brancos ganhavam R$ 40,2 por hora contra R$ 28,1 dos pretos ou pardos.
Considerando o valor total médio, a diferença foi de 67,7% favoravelmente à população branca (R$ 23) em relação à preta ou parda (R$ 13,70).
O recorte por sexo mostra que o rendimento-hora dos homens (R$ 18,80) foi superior em 12,6% ao das mulheres (R$ 16,70). Da mesma forma que na comparação por cor ou raça, a maior diferenciação ocorreu entre pessoas com nível superior completo, pois o rendimento médio dos homens (R$ 42,6) superou o das mulheres (R$ 30) em 41,8%.
Informalidade
A proporção de pessoas em ocupações informais se manteve estável em 2023 (40,7%). Segundo o estudo, 45,8% das pessoas ocupadas de cor ou raça preta ou parda trabalhavam em ocupações informais, enquanto entre as pessoas ocupadas brancas eram 34,3%.
Jovens ‘nem-nem’
O Brasil tinha, em 2023, 10,3 milhões de jovens (21,2%) que não estudavam e não estavam ocupados, o menor patamar e a menor taxa desde o início da série histórica, em 2012.
O estudo cita que a situação de atividade dos jovens está relacionada ao sexo. Os afazeres domésticos e os cuidados de parentes representam o principal motivo para as mulheres estarem nesta condição. Do total de jovens que não estudavam e não estavam ocupados, 65% eram mulheres (6,7 milhões) e 35%, homens (3,6 milhões).
Dos 10,3 milhões de jovens ‘nem-nem’, as mulheres de cor ou raça preta ou parda eram 4,6 milhões (45,2%), enquanto as brancas formavam menos da metade desse montante: 1,9 milhão (18,9%); os homens de cor ou raça preta ou parda eram 2,4 milhões (23,4%) e os brancos, 1,2 milhão (11,3%).
R7